segunda-feira, 17 de agosto de 2009

PUBLICADOS OS TRÊS PRIMEIROS VOLUMES DA NOVA SÉRIE DOS ARQUIVOS DO FADO

VOLUME 1




A nova série, As Primeiras Gravações, inicia-se com um disco dedicado a Ercília Costa. Mais precisamente com, segundo a investigação feita, exactamente os primeiros fados por ela gravados, dois em Lisboa em 1929, respectivamente Fado de Alfama e Fado do Passado, e dezoito em Madrid, gravados em 1930. A informação disponível, na investigação fonográfica feita, permite o conhecimento de um conjunto de dados considerável, embora nem sempre referido de modo sistemático. Assim, para cada fonograma, conhece-se no geral o nome pelo qual foi denominado, variando entre a designação do fado ou o título do poema referido (Fado Tango num caso, Negros Traços num outro); o local e o ano da gravação; os autores da música e da letra; o nome da editora; o código da matriz de gravação e finalmente o nome dos intérpretes.
As Primeiras Gravações de Ercília Costa datam de 1929 e de 1930, tinha então a fadista respectivamente 27 e 28 anos.
Nas suas primeiras gravações, Ercília Costa canta, no Fado da Alfama, “… as vielas tristes, lúgubres e desprezadas…” que “…aos poucos minha Alfama vai morrendo”; e cultiva, no Fado do Passado, a exaltação dos nomes femininos de Severa, Cesária e Maria Vitória. Ercília, então no elenco da companhia do Teatro Maria Vitória conquistara já grande fama. Conhecida como a “Santa do Fado”, desempenhou um papel fundamental na cristalização do uso do fado na Revista à Portuguesa, na fase em que esta incorporava elementos da estética modernista, especialmente nos seus aspectos visuais. A famosa cena de fado “Lisboa Casta Princesa” na Revista “O Canto da Cigarra”, representando uma escadaria de Alfama ladeada por duas filas de coristas empunhando guitarras e com Ercília a cantar no centro, supostamente acompanhando-se à guitarra, aqui relembrada na faixa nove com o Fado de Lisboa, ficou célebre, em 1931 no Teatro Variedades. O Fado conquistava então o espaço do “fim de festa” nos palcos de teatro musical da época em Lisboa. No mesmo ano de 1931, o primeiro filme sonoro em Portugal, da autoria de Leitão de Barros, Severa, sublinhava o culto passadista do fado.

01 Fado da Alfama 03:17 INÉDITO EM CD
02 Fado do passado 03:03 INÉDITO EM CD
03 O meu filho 02:45
04 Fado tango 02:59
05 Negros traços 02:36
06 Desilusão 02:58
07 Fado corrido 02:33
08 Um desgosto 02:47
09 Fado Lisboa 03:00
10 A minha vida 03:05
11 Fado Aida 03:12
12 Fado dois tons 02:31
13 Fado Ercília 03:06
14 Fado sem pernas 02:47
15 A desgarrada 03:58
16 Fado de Mouraria 02:47
17 Meu tormento 03:08
18 Saudades que matam 03:12
19 O filho ceguinho 03:20
20 Duas glórias 03:34



VOLUME 2



A nova série, As Primeiras Gravações, segue com um disco dedicado a Maria Alice, com os primeiros fados por ela gravados, nos estúdios da Valentim de Carvalho. Dos vinte fados apresentados, em gravações originais da editora Brunswick, os primeiros dezanove referem, em cada disco original, como local e data de gravação: Lisboa, 1929. O último fado aqui apresentado, A Azenha, foi, no entanto, gravado dois anos mais tarde, em Lisboa em 1931.
Maria Alice, que viria a casar com o próprio Valentim de Carvalho, foi uma das vozes mais gravadas nesta fase inicial da gravação comercial em Portugal. A qualidade musical destas gravações é notável, e embora a informação sobre os interpretes da guitarra e da viola como sendo respectivamente Carlos da Maia e Abel Negrão esteja apenas disponível para a faixa oito, Esse olhar dá-me tristeza, a proximidade do estilo musical ouvido, o tipo de fraseado e de recursos harmónio e melódico, assim como a proximidade dos códigos de matriz de gravação levam-nos a sugerir que os intérpretes possam ser os mesmos para os dezanove primeiros fados aqui apresentados.
As características interpretativas aliadas a uma certa surpresa, que podemos depreender da novidade do contexto de gravação, relativamente aos palcos da revista e dos retiros/restaurantes de fado, esperas de toiros e festas de beneficência a que Maria Alice estava habituada, transportam em si os ingredientes de interesse deste disco. Assim, e directamente para estudo, documentação, ou tão só fruição estética ou curiosidade histórica, este disco oferece o som do fado pela voz de Maria Alice no final da década de 1920 e início da década de 1930.

01 Fado tango 03:12 INÉDITO EM CD
02 Fado triste 03:03 INÉDITO EM CD
03 Fado da traição 03:12 INÉDITO EM CD
04 Fado menor 03:00 INÉDITO EM CD
05 Tango da morte 03:05 INÉDITO EM CD
06 Fui dizer adeus a barra 03:02 INÉDITO EM CD
07 Fado Alexandrino 03:11 INÉDITO EM CD
08 Esse olhar dá-me tristeza 03:02 INÉDITO EM CD
09 O louco 02:52 INÉDITO EM CD
10 Carta para o degredo 03:30 INÉDITO EM CD
11 Vida triste 03:37 INÉDITO EM CD
12 Fado da perdida 02:58 INÉDITO EM CD
13 Fado ao desafio 03:00 INÉDITO EM CD
14 Os Teus cabelos sereia 02:50 INÉDITO EM CD
15 Voz de Portugal 02:52 INÉDITO EM CD
16 A minha aldeia 02:38 INÉDITO EM CD
17 A Tristeza da Mouraria 03:30 INÉDITO EM CD
18 Carta para a prisão 02:11 INÉDITO EM CD
19 A Enjeitada 02:16 INÉDITO EM CD
20 A Azenha 03:27
INÉDITO EM CD

VOLUME 3



Neste CD incluímos duas cantigas, “Neblina”, do filme “Moulin Rouge” (1952) e “Quando a noite vem”, ou “Limelight”, do filme com este nome do inesquecível Charles Chaplin. Estas duas cantigas, editadas em 78 rotações, corria o ano de 1954, com versos adaptados de David Mourão Ferreira (no caso de “Neblina” assina como DJ. Ferreira), foram escritas propositadamente para a sua voz, possibilitando, assim, à cantora interpretações muito “amalianas”, transbordantes de sentimento.
Na mesma série de discos de 78 rotações, editou-se em 1953, sob o selo Columbia, o disco “Uma Casa Portuguesa – Vieste Depois”, com este último título a dar o nome a um fado de Jaime Santos, com versos do poeta Linhares Barbosa, autor de vários sucessos de Amália, como “Lá por que tens cinco pedras” ou “Alamares”, todos eles na linha do tradicionalismo dos fados dos anos 40 e 50. Podemos agora voltar a ouvir uma maravilhosa interpretação daquele que é considerado o fado mais desconhecido de Amália, uma raridade apenas reeditada num LP-compilação dos discos de 78 rotações dessa época, intitulado “Os 8 Maiores Êxitos-1954”, e num EP espanhol dos anos 60, da editora “La voz de su Amo”.
Como acontecera com o fado “Perseguição”, “Vieste Depois” afastava-se do tipo de poesia que Amália procuraria dali em diante, razão por que ficou esquecido no tempo.
Simultaneamente, rendidas a estes sucessos, abriram-se para Amália as portas dos Estados Unidos da América. Depois de uma tournée no México, Amália triunfa em Hollywood, gravando em Nova Iorque o seu primeiro LP de canções originais “Amália Rodrigues - Sings fados from Portugal y flamencos de España” (1954), um título cheio de contradições, uma vez que este género de cantigas espanholas são “canción española” e não flamenco. Seja como for, com esta edição, afirmou-se a sua condição de “cantora Ibérica”.

01 Neblina 02:44 INÉDITO EM CD
02 Quando a noite vem 02:23 INÉDITO EM CD
03 Vieste depois 03:10 INÉDITO EM CD
04 Ai Lisboa 03:01
05 Confesso 03:50
06 Cuidado coração 03:55
07 Eu queria cantar-te um fado 03:44
08 Fado não sei quem és 04:36
10 Marcha da Mouraria 02:39
11 Maria da Cruz 04:04
12 Vamos os dois para a farra 02:05
13 Foi Deus 03:59 INÉDITO EM CD
14 Don trique traque 05:55 INÉDITO EM CD
15 Gritenme piedras del campo 03:30 INÉDITO EM CD
16 Mi Rita bonita 03:00 INÉDITO EM CD
17 Tu recuerdo y yo 03:29 INÉDITO EM CD
18 Cantei o fado 02:57 INÉDITO EM CD
19 Eu disse adeus à casinha 03:16 INÉDITO EM CD
20 Três ruas 03:12 INÉDITO EM CD

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